quarta-feira, 25 de abril de 2012

Rebelião no Zoo - Parte I, texto



















Fernando Gaspar

tenho acompanhado com justificado empenho a carreira artística de fernando gaspar, desde 1988, não me havendo enganado na previsão que então fiz de que os seus primeiros trabalhos deixavam já antever, um artista de inegável talento e uma carreira de sucesso. e assim aconteceu. à medida que os anos foram correndo, em cada exposição em que participava, fernando gaspar – um autodidacta, no sentido absoluto da palavra – foi crescendo em qualidade, graças ao talento que sempre o acompanhou, à investigação, à persistência, ao trabalho, e à vontade de sempre melhorar.
começou pela aguarela, numa primeira fase, que se estendeu de 1986 a 94, tendo por tema os barcos que via deslizar nos canais da ria de aveiro e os estaleiros que os bordejavam.
por volta de 95, inicia-se no ciclo das vilas e cidades, sobretudo o porto e lisboa, adoptando a técnica mista, com a utilização no mesmo trabalho do acrílico, em composições de manchas fortes, de vermelhos, azuis ou amarelos na base, e da aguarela na parte superior das composições, com pequenos desenhos e esboços das cidades representadas. essa fase, que durou uns 5 ou 6 anos, foi marcante na sua carreira e acolhida com agrado pelos já numerosos coleccionadores dos seus trabalhos.
no ano passado, aqueles que acompanhavam o seu percurso, foram surpreendidos por uma nova fase, que designou de “personagens para uma história”, composições despojadas e livres, com manchas largas, abandonando o pormenor para optar por formas com forte poder de síntese, dentro de uma linguagem claramente expressionista, utilizando quase em exclusividade o acrílico, com recurso parco e pontual ao carvão e ao pastel.
a presente exposição, precedida de uma que apresentou no ano passado, interessantíssima, insere-se claramente na fase das “personagens para uma história”, em que as personagens são pessoas objectos ou os animais, um tema querido, ao longo dos tempos, de muitos artistas e que fernando gaspar aborda com grande à vontade, muita sensibilidade, sentido plástico e uma boa dose de humor, um frequente e sempre bem acolhido parceiro da pintura.

que mais haverá a esperar de fernando gaspar? é uma pergunta que muitas vezes formulamos e para a qual não encontramos resposta, porque em cada esquina da sua carreira ele surpreende-nos sempre pela positiva, pela sua invulgar capacidade criativa, originalidade e apurada técnica.

n. lima de carvalho
abril de 2003

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