terça-feira, 21 de outubro de 2014

> avulsas




















Obra em Espaço Público / considerações


Na maior parte das vezes e do tempo, o trabalho que faço é fruto de auto-propostas, desafios auto-infligidos, respostas que desenvolvo para as minhas questões artísticas, estéticas, políticas, filosóficas, enfim...
“Na maior parte”, dizia, porque algumas vezes acontece que essas propostas partem de individuos, empresas, organismos, associações, da Sociedade Civil ou do Estado. Trabalhos balizados por um propósito definido, para um público mais alargado. Algumas vezes a esse desígnio se soma também o facto de ocupar um Espaço Público: praça, jardim, rotunda, etc.
Nas alturas em que propostas com este carácter acontecem, todas as preocupações, pre-requisitos, estudos e cuidados que normalmente ponho em cada trabalho, e a mim mesmo nas respectivas fases de desenvolvimento, aumentam de teor, escala e responsabilidade. São consideraçãos como as que abaixo afloro, que nestas alturas me inundam e com as quais me debato para que algo surja. E o que surgir, seguramente, não será totalmente válido se não as atravessar de forma pacífica e delicada. Se não o fizer com humildade, se por elas não tiver um grande respeito.

(...) O Lugar

O Espaço Público é uma conquista e uma herança a defender na dinâmica malha urbana de qualquer cidade. Deve ser preservado, respeitado, disponibilizado e vivido como uma pertença pública. E porque cada lugar é marcado pela história das suas ocorrências, das funções que ao longo do tempo lhe foram atribuídas, por decisões mais casuais ou mais ligadas a atributos específicos, eles funcionam também como espaços de memória colectiva, como nós de uma rede invisivel e agregadora que é a nossa história comum. Para que essa malha vital não se rompa é, pois, em processo de intervenção, recomendável a averiguação prévia e cuidada destas circunstâncias, muitas vezes inscritas de forma indelével, mas invisível ao olhar mais dérmico. (...) No caso de estruturas edificadas em espaço rodoviário, para além de todos os cuidados mencionados, a precaução com a segurança dos transeundes deve ser levada ao máximo rigor: a reflectividade do material a usar, a sua letalidade ao impacto, a confundibilidade com sinalética pré-existente, a barragem visual, etc.

A Função

Qualquer intervenção no Espaço Público deve conseguir traduzir inequivocamente o propósito da sua realização; estas intervenções quando se levam à prática deverão ser feitas para melhorar a qualidade funcional, estética ou social do lugar, (...) para assinalar memórias, celebrar ou afirmar um reconhecido feito individual ou colectivo, uma actividade, desempenho ou propósito social de uma organização, no seio da comunidade, desde e sempre que a sua presença não segregue, ofenda ou exclua individuos ou grupos. Toda a função que lhe é particularmente atribuída, deverá sê-lo com criterioso respeito por todos, em cada uma das particulares circunstâncias - noções naturalmente mais aplicadas e aplicáveis em sociedades próprias de Estados de Direito (...)

O Tempo

Estes trabalhos tem por norma e propósito um registo existencial alargado; são obras que pretendem expandir a sua mensagem e carga simbólica para além do momento da sua edificação, tendo na maior parte das vezes, a pretensão de, pelo seu valor formal e estético, fazer a travessia geracional mantendo a legibilidade e interesse do primeiro dia.
Importante para que este desígnio se cumpra, é a escolha dos materiais a usar. Numa abordagem mais tecnológica: identidade e afinidade dos materiais empregues com os recursos tectónicos do local, identidade dos mesmos com a matriz conceptual da peça, resistência dos mesmos à fruição pública e desgaste aos elementos, manutenção futura, obsolescência tecnológica e comunicacional, etc

São questões de ordem conceptual/simbólica, estética e artística e formal/técnica, que devem estar contidas, reflectidas e interligadas em cada processo deste tipo, desde a sua génese. (...) 

Out. 2014
Fernando Gaspar

> current | Bill Lowe Gallery


Separated Land | Fernando Gaspar











quarta-feira, 3 de setembro de 2014

> Separated Land | Bill Lowe Gallery


solo exhibition | making of #1


























A história da conquista e posse de território é a história da vida e nela, a da espécie humana. 

Desde a mais remota consciência da noção de lugar - espaço ocupado, de contornos determinados por circunstâncias naturais ou provocadas - e para além das suas determinantes biológicas, se tem desenvolvida na mente humana em todas as suas manifestações racionais ou sensiveis, a necessidade de estar ligado ao meio, dele fazer parte, a si o adaptar, por si o dominar.

Para este ser emergente, mas inteligente e determinado, este processo, não raras vezes impetuoso, implica a constante marcação do espaço e a sinalização dos limites/fronteira, assumindo esta, como tarefa de vital importância práctica e simbólica.

É partindo da construção simbólica das noções de espaço, lugar, da significância do “dentro/pertença”, e do “fora/não pertença”, do que está contido e do que é contentor, que fica de alguma maneira estabelecida a noção de segurança e abrigo, com todas as consequências que essa apreensão desencadeia no meio e com os demais seres que o habitam e dele fazem parte. 

A “presença” dominante em contraponto com a “ausência” pela dominação, o outro como finalidade a alcançar, tomando, incorporando ou anulando, ou o outro como a nossa medida, o aferidor das nossas reais proporções, como o fim ou linha limite do nosso alcance apropriativo.

O que em nós, individuos, começa por genético impulso, transforma-se, no colectivo, em fenómenos de identidade territorial, conceitos de espaço/nação, pertença, grupo, ligação.
Definir o homem, foi, é e também será pelo que ele faz no permanente uso de uma rede complexa de linguagens e códigos, elegendo cores, materiais, grafismos e objectos que reforçam essa marcação, enfatizando as semelhanças e denunciando as diferenças, numa primária e incontrolável apropriação de valores e direitos.  

Esta é uma questão inquietante, vibrante e não resolvida em cada um de nós, tanto na nossa confinada dimensão pessoal como na ampla dimensão colectiva;

terra separada 

daqui parto, daqui saio atravessando delicadamente os lugares de fora, encontrando o outro.

FG








quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

> outras leituras ou o tempo das sementeiras



















A Utopia de Tomás Morus;
César, a Vida de um Colosso de Adrian Goldsworthy;
O Império dos Pardais de João Paulo de Oliveira e Costa

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

> leituras




os "escolhidos" como Artistas Emergentes no artigo "Sair da Crise com Arte" suplemento Outlook no Diário Económico de sexta-feira, 17 de janeiro 2014. 



> SharingCase 2/ 2013

Relatório semestral da actividade

link: sharingcase_2/2013