quarta-feira, 3 de setembro de 2014

> Separated Land | Bill Lowe Gallery


solo exhibition | making of #1


























A história da conquista e posse de território é a história da vida e nela, a da espécie humana. 

Desde a mais remota consciência da noção de lugar - espaço ocupado, de contornos determinados por circunstâncias naturais ou provocadas - e para além das suas determinantes biológicas, se tem desenvolvida na mente humana em todas as suas manifestações racionais ou sensiveis, a necessidade de estar ligado ao meio, dele fazer parte, a si o adaptar, por si o dominar.

Para este ser emergente, mas inteligente e determinado, este processo, não raras vezes impetuoso, implica a constante marcação do espaço e a sinalização dos limites/fronteira, assumindo esta, como tarefa de vital importância práctica e simbólica.

É partindo da construção simbólica das noções de espaço, lugar, da significância do “dentro/pertença”, e do “fora/não pertença”, do que está contido e do que é contentor, que fica de alguma maneira estabelecida a noção de segurança e abrigo, com todas as consequências que essa apreensão desencadeia no meio e com os demais seres que o habitam e dele fazem parte. 

A “presença” dominante em contraponto com a “ausência” pela dominação, o outro como finalidade a alcançar, tomando, incorporando ou anulando, ou o outro como a nossa medida, o aferidor das nossas reais proporções, como o fim ou linha limite do nosso alcance apropriativo.

O que em nós, individuos, começa por genético impulso, transforma-se, no colectivo, em fenómenos de identidade territorial, conceitos de espaço/nação, pertença, grupo, ligação.
Definir o homem, foi, é e também será pelo que ele faz no permanente uso de uma rede complexa de linguagens e códigos, elegendo cores, materiais, grafismos e objectos que reforçam essa marcação, enfatizando as semelhanças e denunciando as diferenças, numa primária e incontrolável apropriação de valores e direitos.  

Esta é uma questão inquietante, vibrante e não resolvida em cada um de nós, tanto na nossa confinada dimensão pessoal como na ampla dimensão colectiva;

terra separada 

daqui parto, daqui saio atravessando delicadamente os lugares de fora, encontrando o outro.

FG