quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

> Rainhas Negras


























A mão pousou o destino no véu mais claro, na cadeira esculpida. Eram tempos do princípio e dos demorados ruídos da noite. Na cadeira esculpida, o lugar do corpo feminino sem dono, hirto. Quase o nada, potente, completo e estéril como uma igreja ocupada sem pressa, em silêncio. Respirado e espesso. 

Na imobilidade das pedras cercantes, no luzente das lanças, no desconforto do poder, no poder do medo, fecha-se o olhar e o gesto, cingindo o dia das flores, a grande manhã da vida. 
Ela guarda a promessa e o sossego das gentes, o devir das nações. Ela guarda a cor anil dos mares novos, no seu dentro negro e baço, no seu corpo relíquia, relicário. O corpo onde a vida não se arrepende da morte e o beijo sabe a especiarias e sangue quente. Corpo que desliza, quase pára, treme e palpita, quase nada, que sussurra gentileza sem desgovernado prazer. Corpo onde a pressa se trava no contorno cinzelado dos limites.

Brocardo exilante, negra viagem para fora da pele nova, transparente e pura. 
Sina, sulco lavrado em campo de mortos e pólvora, teimada contenda dos homens e das partilhas e...ela. Ela, sorte divina, escolha dos sábios da Terra, primeira e última na condição do Único. 

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