quinta-feira, 26 de abril de 2012

"douro"

da manhã e da pedra solta-se a neblina doce. escorre para dentro, traz o rio para a leveza e para a dúvida.
paisagem interior, muda. percurso em sigilo pelo granito e pelo musgo; afluente dos dias, caudal e leito das vidas.
a mão tocou as encostas como outrora os olhos. tacteou, perdida, os vales e arribas:
voo de pássaro em trânsito, plano e cortante.
levou para longe do calor dos ninhos, o canto das mães.
força telúrica que das asas se arremete contra o vento, moldando os baixios; lugar onde o céu começa! escorrência mineral.
gesto negro, massa densa, oficinal e ressonante. volume matricial, começo das coisas.

fg

 





















Fernando Gaspar, pintura
Douro, 2007
acrílico sobre tela, 120x120cm,
Colecção Particular

Sem comentários:

Enviar um comentário